quinta-feira, 18 de setembro de 2014

PRATA DA CASA: O Clã dos Clãs



- Uncanamala pakê ombemua sounrise pokka. “Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele” - Vento-Lá-Fora, líder dos caçadores do Clã do Lobo-Cinzento, dizendo isso, olhou para todos os demais integrantes do pequeno grupo, no interior da tenda vermelha fustigada pelo vento da Noite-Sem-Fim, lá no Vale dos Cavalos. O jovem Sonho-de-Verão, encarou-o e expressou-se nestes termos:

-O lobo perde os dentes, perde a pele, mas não perde o espírito. Estudei-o com o xamã Olho-do-Falcão, junto com os espíritos dos vivos e dos mortos, de todos os nossos irmãos de jornada, das pedras até as montanhas. Descobri que todos temos o mesmo ancestral, o mesmo pai e a mesma mãe primeira-primeira-última. E decidi que quero vestir ora a pele do Lobo-Cinzento, ora a do Urso-do-Abrigo-de-Pedra, e ora a do Leão-de-Neve-da-Montanha. 

Sonho-de-Verão havia citado os dois clãs rivais do Lobo-Cinzento, fazendo com que os seus irmãos espirituais se entreolhassem, curiosos. Vento-Lá-Fora perguntou-lhe com um olhar feroz:

-Se quer vestir tanto a pele do lobo, do leão-branco e do urso, você vestirá...

-O espírito vermelho do Mamute! 

Um coro de “oh!” tomou conta da tenda, demonstrando que o grupo havia imediatamente compreendido onde Sonho-de-Verão queria chegar... Ele queria vestir o espírito de todos os clãs! As tendas dos Lobos-Cinzentos e dos Leões-de-Neve-da-Montanha eram feitas com peles e ossos de mamute, bem como a maioria de suas vestimentas. Além disso, a gigantesca montanha onde ficava a caverna dos Ursos-do-Abrigo-de-Pedra, tinha o seu formato. Podia-se ver inclusive as duas corcovas que caracterizavam aquelas grandes criaturas. 

- O Clã do Mamute-Vermelho inicia a sua jornada... aqui! – disse o ousado jovem. Os seus irmãos espirituais estavam agora entre o vento lá fora, e um sonho de verão...

Resolveram sonhar.
Vitor Dilly


Na seção PRATA DA CASA, publicaremos semanalmente textos escritos pelos alunos das diversas oficinas literárias ministradas na Sapere Aude! Livros. O texto de hoje é de Vitor Dilly, aluno da Oficina de Produção Literária do professor Robertson Frizero. Quer conhecer mais sobre nossas oficinas literárias? Acesse: http://oficinasliterarias.wordpress.com

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